Sazonalidade de Novembro: Os Índices Realmente Sobem?
Por que novembro sempre recebe o benefício da dúvida? É realmente uma vantagem de mercado, ou apenas um “efeito placebo de calendário” que os traders utilizam quando os fundamentos ficam silenciosos? Historicamente, os principais índices de ações tendem a subir em novembro. Os dados mostram que, desde 1950, novembro tem sido o mês mais forte para os retornos do mercado de ações, e novembro-dezembro o melhor período de dois meses em média. Portanto, quando surgem os gráficos de sazonalidade, é justo se perguntar: o rali de fim de ano ainda está precificado? Ou este ano será diferente?
Sazonalidade: Padrão ou Placebo?
O argumento da sazonalidade é difícil de ignorar. Analistas apontam que, em média, o S&P 500, o Nasdaq e o FTSE 100 tendem a encerrar novembro em alta. Alguns estudos mostram uma “taxa de sucesso de alta” de quase 80–90% para os meses de novembro. Mas a realidade tem grandes exceções. Lembra-se de 2008, quando o S&P caiu fortemente? Ou da queda do final de 2022? Esses exemplos nos lembram que um “novembro médio” não garante um ganho.
Os mercados atuais são muito mais influenciados por algoritmos e estratégias quantitativas do que nas décadas passadas. Quando a convicção é baixa, histórias sazonais ganham força — algo a que se agarrar quando as notícias não inspiram! Mas isso é uma muleta? Um sinal? Há argumentos para ambos os lados: os dados sugerem uma vantagem histórica, mas meses estatisticamente neutros ainda podem decepcionar. Trate a sazonalidade como um ponto de partida para discussão, não como uma certeza.
A Vantagem de Novembro em Contexto: Um Século de Retornos Mensais

Fonte: LSEG Datastream, Yardeni Research, Standard & Poor’s. Todos os índices são de retorno total em dólares americanos. O desempenho passado não é um indicador confiável de resultados futuros. Dados de 22 de julho de 2025.
Ao longo de quase um século de dados (1928–2025), novembro figura entre os meses mais consistentemente positivos para o S&P 500 — 60 meses de alta contra 37 de baixa. Os ganhos médios de novembro (+4,12%) só são superados por julho. Ainda assim, a história não garante resultados futuros.
Análise Gráfica: Rali ou Armadilha?
Olhando para os gráficos, a história é mista. No final de outubro de 2025, os três principais índices dos EUA estavam em máximas históricas — os otimistas diriam que o momentum aponta para mais ganhos. No gráfico diário do S&P 500, os preços estão acima da média móvel de 200 dias (em torno de 6.700), o que indica uma tendência de alta.
Mesmo assim, a recente recuperação a partir das mínimas de outubro deixa os traders cautelosos. Após uma forte queda, a rápida recuperação empurrou o S&P para território de sobrecompra. Indicadores técnicos sugerem possível exaustão: o RSI de 14 dias do S&P está em torno de 73, o que normalmente significa “sobrecomprado”. Ainda há compradores dispostos próximos aos suportes (como as médias de 50 ou 200 dias)? Ou o mercado foi longe demais, rápido demais? É plausível que estejamos “subindo para novembro”, mas isso pode ser uma armadilha de alta. Os gráficos mostram força, mas também sinais de sobreextensão. Os traders observarão os níveis-chave para ver se a ação dos preços confirma ou quebra a narrativa sazonal.
S&P 500: Rali ou Exaustão?

Fonte: TradingView. Todos os índices são de retorno total em dólares americanos. O desempenho passado não é um indicador confiável de resultados futuros. Dados de 29 de outubro de 2025.
O S&P 500 avança até o final de outubro de 2025, mantendo-se acima das médias móveis principais. O RSI já sinalizou sobrecompra, sugerindo momentum estendido. O rali está esfriando ou se preparando para uma nova perna de alta?
A Camada Psicológica
Os mercados muitas vezes seguem narrativas, e o “rali de novembro” é uma das mais populares. Se muitos esperam uma alta de fim de ano, podem começar a comprar para fazer parte dela — o que, por si só, pode impulsionar o rali. Dados da Citadel sugerem que os investidores de varejo estão cheios de confiança: compradores líquidos em 23 das últimas 27 semanas, até mesmo comprando nas quedas. Em contraste, as grandes instituições estão mais cautelosas. A multidão pode já estar posicionada para a alta sazonal, enquanto os profissionais permanecem céticos. Estamos lendo o gráfico ou apenas repetindo o roteiro do ano passado?
O posicionamento pode inverter os movimentos de preço. Se muitos entrarem em operações de “novembro de alta”, o mercado pode ficar vulnerável a uma surpresa. Pare e pense: você acredita no padrão ou está apenas seguindo o rebanho? Uma narrativa otimista baseada em baixa convicção pode ser o prelúdio de uma correção. Essa disputa — esperança contra cautela — costuma ser o motor dos pontos de virada.
Riscos & Catalisadores
Além dos gráficos e do sentimento, eventos podem mudar o enredo. Novembro traz dados de inflação e relatório de empregos dos EUA, além de uma reunião do Fed. No Reino Unido, o BoE e os números de inflação também serão divulgados. Qualquer surpresa nesses dados pode abalar a tranquilidade sazonal.
Geopolítica, eleições e uma decisão da OPEP sobre o petróleo também podem influenciar o sentimento. Se o mercado assumir que “novembro sempre sobe”, uma notícia inesperada pode pegar todos desprevenidos. Por outro lado, sinais de que a inflação atingiu o pico ou de que os aumentos de juros estão terminando podem alimentar a compra. Em 2025, o foco pode mudar do calendário para os cortes de lucros ou preocupações com o crescimento.
Conclusão
A sazonalidade pode ser um bom mapa, mas não é o território. A história mostra que novembro tende a subir, mas em mercados como os atuais, a história nem sempre rima. Em vez de seguir cegamente as estatísticas, vale mais observar o preço e as reações. Veja como o mercado se comporta quando padrões antigos encontram novas condições — esse é o verdadeiro sinal!